Batalhões de Infantaria de Selva - Brasil
A necessidade de operar em um ambiente tão complexo e específico
como a Amazônia e melhor defender suas riquezas imensuráveis, o Exército Brasileiro (EB) decidiu criar em
1965 o Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), a melhor escola desta área
no mundo, que a partir de então formaria os combatentes de selva, que após
receberem o tão almejado "brevê da onça", seriam núcleo base dos Batalhões de
Infantaria de Selva. Essas unidades de elite, composta em sua maioria por
soldados profissionais e contando em seus contigentes com muitos homens nativos
da região e oriundos de tribos indígenas, completamente adaptados ao ambiente
amazônico, são parte integrante da Força de Ação Rápida do EB. Cada batalhão é
composto por três Companhias de Fuzileiros de Selva e uma Companhia de Comando e
Apoio, responsável pela logística, suprimento, transporte, saúde e comunicações
da unidade. A célula básica é o chamado Grupo de Combate, formado por duas
esquadras de tiro, com quatro homens cada uma, um atendente médico e o
comandante do grupo, portando equipamento leve, que lhes permite tanto operar
com desenvoltura em selva densa, como efetuar assaltos helitransportado.
Nos batalhões, com o intuito de operar
continuamente na região de selva, mantendo altos níveis de preparo psicológico,
de adestramento e de capacidade de sobrevivência, procurou-se definir missões
específicas para cada Companhia de Fuzileiros: a 1ª Cia Fuz.Sl. é reponsável
pela formação do efetivo variável (conscritos) e está apta a atuar em terreno
convencional, como os vastos planaltos do estado de Roraima; a 2ª Cia Fuz.Sl.
volta-se para as operções aeromóveis, com o apoio dos helicópteros do 4º
Batalhão de Aviação do Exército, sediado em Manaus; e a 3ª Cia Fuz.Sl.
especializada em operações ribeirinhas. Esta tropa de elite, considerada entre
as melhores do mundo, só admite em seus quadros membros com excelente preparo
físico e psicológico para poderem suportar as dificílimas condições climáticas
onde atuarão e as pressões a que serão submetidos, como combater em selva densa
e sobreviver com poucos recursos. Antes de iniciar seu treinamento no CIGS, onde
passarão pelo Curso de Operações na Selva (COS) com duração de nove semanas
operacionais e mais duas para aclimatação, os candidatos devem se submeter ao
exame de aptidão física, com provas de natação, flutuação, corrida rústica,
subida na corda e marcha forçada, portando uniforme completo e coturno.
Iniciado o COS, na Fase de Vida na Selva, os alunos são submetidos à
um exercício de sobrevivência de 5 dias na mata fechada, onde testam ao máximo
seus limites, aprendendo a sobreviver somente com o que a floresta oferece, além
de noções básicas de higiene, profilaxia, primeiros socorros, orientação e
navegação. Em seguida vem a Fase de Técnicas Especiais, com instruções no uso do
rappel, condução de embarcações, operação de bússola e GPS, operações
aeromóveis, infiltrações aquáticas, destruição de alvos, preparação de
armadilhas, tiro de sniper, entre outras técnicas importantes. Já na Fase de
Patrulha, durante três semanas é intensamente testado como líder de frações de
tropa, sendo submetido a várias situações que poderão ocorrer em caso de guerra.
Quando inicia a Fase de Operações, o candidato já adquiriu conhecimento
suficiente para enfrentar a complexidade do combate real, devendo possuir
competência para coordenar meios aéreos, fluviais e terrestres em operações
conjuntas com as demais Forças. Devido ao respeito que conquistou e à
proficiência de seus cursos, o CIGS recebe todos os anos alunos oriundos de
nações amigas, que passam pelo rigoroso treinamento ali ministrado, e ainda
serve como referência para a criação deste tipo de unidade em outros países. Por
atuar em um ambiente específico, os guerreiros de selva não poderiam deixar de usar equipamentos
especiais para poder executar bem suas missões. O uniforme é confeccionado em
tecido especial que permite uma secagem rápida num ambiente de grande umidade,
sem causar desconforto ao combatente.
A ração foi adaptada ao paladar brasileiro,
com elevado teor de proteínas e fibras e pouca gordura, que poderia provocar
desidratação e diarréia na selva amazônica. Os coturnos são feitos parcialmente
em lona com pequenos furos, que drenam a água acumulada na travessia de pequenos
riachos ou igarapés. O fuzil padrão é o Pára-FAL, de 7,62 mm, com coronha
rebatível, altamente resistente às duras condições operacionais da região. As
unidades contam ainda com o lança-rojão AT-4, metralhadoras MAG, de 7,62 mm,
escopetas Boito calibre 12, lança-granadas Grintek de 40 mm, fuzil sniper Imbel
Fz.308, morteiros Hotchkiss de 60 mm, além de zarabatanas, besta e facões de
mato. Para deslocamento por trilhas tão fechadas, está sendo testado com sucesso
a utilização de búfalos para carregar os suprimentos da tropa, animal
perfeitamente adaptado às condições locais. Exercícios constantes na região
testam a chamada "estratégia de resistência", para a eventualidade de um
confronto entre nossas forças e as de um país com poderio militar bem superior,
visando tornar caro ao inimigo qualquer tentativa de agressão à Amazônia
brasileira. Para tanto, o Exército Brasileiro matém em diversos pontos secretos
no meio da floresta, pequenos conteiners enterrados no solo com alimentos,
remédios e munições, a fim de prover suprimentos para os combatentes isolados na
selva, além de tanques de combustível para reabastecer helicópteros ou
embarcações durante o conflito. Reforçando esta tática, muitos rádio-operadores
dos batalhões são de origem indígena e se comunicam em sua língua nativa,
impedindo que as comunicações sejam decifradas pelo inimigo. Num possível
conflito, os guerreiros de selva agiriam em pequenas frações, mas capazes de
infringir pesadas perdas ao adversário, tirando vantagem de seu grande
conhecimento da floresta, para desaparecer rapidamente em meio à densa
vegetação. SELVA !
Fonte:MilitaryPower
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