terça-feira, 13 de janeiro de 2015

CARTA AO JOVENS

Gen Ref José Batista de Queiroz

Você, que hoje está iniciando a carreira das armas, certamente já ouviu muitas coisas sobre governos militares. Ouviu falar de ditadura, tortura, arbitrariedade. Só ouviu coisas ruins. Nunca falaram dos guerrilheiros, de suas atrocidades, de seus atentados. Nunca lhe contaram a verdade. Por isso, quero deixar pra você esta mensagem de 50 anos de caserna. Sou isento e equidistante de todas as paixões. Os extremos sempre me fizeram mal. Nasci e me criei no sertão mineiro. Lá estudei e trabalhei como camponês. Convivi com pessoas simples. No campo, a simplicidade é verdejante como relva nas veredas.
Um dia, ingressei no Exército, onde me ensinaram novamente as coisas do sertão e muitas outras. No Exército, senti-me como alguém que escala a montanha e descobre a planície. Na planície, a democracia e o comunismo travavam uma luta de vida e de morte. A gente estava entre o mar e o rochedo. Era uma realidade muito distante da de hoje.
Minha opção foi pela democracia, onde a liberdade tem a sua morada. Ela me recordava o passado. Tinha a magia dos campos, dos rios, das florestas. Tinha o cheiro da virtude e a beleza da oração. Era o útero materno da liberdade. Já o comunismo me dava a sensação de brutalidade, de escravidão, de truculência. Representava um mundo sem encanto, sem primavera. Mais parecia um deserto sem oásis, um mundo sem prece e sem Deus. Era a matriz da heresia e do profano..
Com o tempo, percebi que a democracia tinha suas falhas, suas injustiças, suas misérias. Neste mundo nada é perfeito. O que me parecia mais certo era corrigir os erros, melhorar a democracia, fazê-la produzir bons frutos. Substituí-la pelo comunismo seria o mesmo que trocar o vale pelo deserto, a esperança pela incerteza. Bani-la é abdicar da liberdade. A sua grande deficiência não está no conteúdo, mas nas pessoas que a fazem, nas instituições que a governam. O que ela precisa é de pessoas que lhe dão vida, energia e justiça.
No início dos anos 60, o sonho do comunismo alastrou-se pelo mundo, como as heras se alastram pelos muros. Muitos países acreditaram no canto da sereia. Muitos povos sentiram-se atraídos por miragens. Quem está à morte acredita até no milagre do diabo. O canto socialista ecoou como serenata aos ouvidos das democracias fragilizadas e moribundas. O Brasil era uma delas. Estava mórbido e enfraquecido. Suas Instituições tinham a solidez das cascas. Mais parecia uma árvore retorcida no cerrado, pronta a se entregar ao sopro do vento, do que um coqueiro ereto na praia, resistindo à ventania do mar. O comunismo usou o bem dourado da democracia – a liberdade – para infectar a sociedade e carunchar as instituições.
Ele nunca abre mão da liberdade quando está na oposição, mas sempre a excomunga quando está no poder. O comunismo rejeita o contraditório. Não aceita oposição nem pluralidade. Só aceita o partido único. Todos os países comunistas da época eram assim e agiam desta forma. Fidel Castro mandou executar milhares de dissidentes cubanos e Stalin milhões de cidadãos russos. O crime que cometeram as vítimas era opor-se ao regime.
No Brasil, o comunismo avançava a passos largos, ameaçando de escuridão a democracia e de morte a liberdade. Seus defensores sonhavam com a União Soviética, com a China, com Cuba e com todos os países onde a bandeira da liberdade tinha sido arriada para sempre. Seus ideais não eram os mesmos daqueles muitos brasileiros que deixaram o seu sangue e a sua vida em solo europeu na luta contra a tirania hitleriana.
Essa ameaça comunista às tradições de nosso povo gerou uma reação da sociedade. Todos foram às ruas de mãos dadas, contra o esmagamento da democracia no Brasil. Sem tiro e sem morte, o povo celebrou a vitória. Vitória do navio contra as ondas do mar, do barco contra o banzeiro dos rios...
Os solistas do comunismo ficaram tristes, frustrados e solitários. Era o fim de uma ameaça e o começo de uma luta. Luta em prol de homens livres, de uma sociedade aberta. O funeral da democracia foi interrompido pela vontade de um povo. Essa realidade também ocorreu em vários países.
Inconformados com a derrota, os radicais do comunismo iniciaram uma luta armada. Praticaram atos de violência, torturas, assaltos, assassinatos. Queriam o poder à custa de sangue. Diziam lutar pela restauração da democracia. Seus aliados e patrocinadores, porém, eram países comunistas, onde milhares de cidadãos foram executados. Seus líderes eram Stalin e Fidel Castro. Seu ideal era conquistar o poder e incinerar a liberdade.
A democracia brasileira se restabeleceu. A incerteza deu lugar à esperança. O Brasil amadureceu e nós brasileiros também. O trabalho de todos era construir uma democracia mais sólida, mais justa, mais inclusiva.
Em meados dos anos 80, o mundo assistiu à derrocada do comunismo. Seus tempos de energia tinham chegado ao fim. Não era mais capaz de atrair nem empolgar as massas com seus dogmas. A essência de sua doutrina desmoronou-se aos olhos do mundo. Não passava de um castelo de areia.
No Brasil, até mesmo os comunistas mais radicais retiraram esse nome de suas siglas partidárias. Os militares recolheram-se aos quartéis, dedicando-se inteiramente às atividades profissionais. A Constituição de 1988 restabeleceu a plenitude democrática e o Estado de Direito. Os comunistas abandonaram a sua ideologia ortodoxa. Muitos migraram para outros partidos.
Em 2002, a esquerda chegou ao poder. O povo brasileiro assistiu a essa mudança com a naturalidade de um país amadurecido, preocupado em dar mais vigor à democracia, em construir um futuro melhor.
Ao contrário do comunismo, a democracia admite a alternância, a pluralidade, o contraditório. Alguns adversários, porém, aproveitando-se do poder, fazem tudo para obstruir a conciliação. Com espírito revanchista, querem a todo custo reinterpretar a Lei da Anistia e colocar militares no banco dos réus. Não estão interessados no futuro, mas no passado. Sua obsessão não são os problemas de milhões de brasileiros, mas a punição de meia dúzia de pessoas. Por meio delas querem atingir as Forças Armadas e todos os militares. Seu ideal não é a conciliação, mas a vingança, própria dos ditadores e dos regimes autoritários.
É muito difícil conviver com essas pessoas. Hoje se julgam donos do poder, donos do Brasil. Um dia, porém, não estarão mais lá. A democracia nos dá o direito da livre escolha. Uma escolha sem fraudes, sem mutilações. É o que desejamos e o que esperamos. Ela nos dá também esperança. A mesma dos rios que sonham com o mar, a mesma do sol que espera o dia. Esperança e futuro são indissociáveis. Estão ligados entre si como a montanha à planície, como o oceano à terra, como a vida à morte. As Forças Armadas são como águas que nunca param de correr. São Instituições permanentes, imantadas de vida, de tradições, de amor ao Brasil. Elas se destinam à defesa da Pátria, dos poderes constitucionais. É o que reza a Constituição. Elas representam a alma de nossa gente. Jamais permitirão afronta à Soberania e quebra da Unidade Nacional. Não são vontades destoantes e revanchistas que irão ofuscar as instituições militares. Por mais que queiram, não conseguirão sobrepor seu desejo de vingança ao espírito conciliador do nosso povo. Os homens são árvores que morrem, são vidas que acabam, são dias que anoitecem. Não são como as Instituições, que têm vida própria.
A democracia é mais forte do que eles. Ela é um patrimônio do povo brasileiro. É o altar onde brilha a nossa liberdade. É o núcleo de nossa história, a pedra que enfrenta o tempo. É na democracia que depositamos a nossa fé e esperança. Ela é o caminho de nosso destino e o desejo de nossa gente.
A maior arma da democracia não é a espada, mas o amor que o povo tem à liberdade. Esta é como o vento suave que roça o mar, a terra e o céu. Aquela é como a chuva forte que alimenta os campos, os rios e as matas.
A única maneira de nos afastarmos de ditaduras é aperfeiçoando o desempenho da democracia e iluminando o sorriso da liberdade.


P.S. Fica autorizada e publicação da presente carta.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Curso de Policiais do Exército para Oficiais


Publicado Boletim do Exército 50 - 2013 - 13 Dez 13


PORTARIA Nº 243-EME, DE 10 DE DEZEMBRO DE 2013.
Cria e estabelece as condições de funcionamento do
Curso de Polícia do Exército para oficiais. 
  
O CHEFE DO ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO, no uso da atribuição que lhe confere o art. 38, inciso I do Decreto nº 3.182, de 23 de setembro de 1999 - Regulamento da Lei do Ensino no Exército - e de acordo com o que propõe o Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx), ouvido o Comando de Operações Terrestres (COTER), o Departamento-Geral do Pessoal (DGP) e os Comandos Militares de Área, resolve:

Art. 1º Criar o Curso de Polícia do Exército, que tem por objetivo de ampliar a habilitação de oficiais para a ocupação de cargos e desempenhar funções de Comandante de Companhia de Polícia do Exército e de Comandante de Pelotão de Polícia do Exército.

Art. 2º Estabelecer que o referido curso:

I - integre a Linha de Ensino Militar Bélico, o grau superior e a modalidade de especialização;
II - funcione nos Batalhões de Polícia do Exército;
III - tenha a duração máxima de 11 (onze) semanas e, em princípio, funcione com a periodicidade, de 1 (um) curso por ano, a partir de 2015;
IV - tenha, como universo de seleção, os capitães e tenentes de carreira da Arma de Infantaria, com prioridade para aqueles que estiverem servindo em Organização Militar de Polícia do Exército (OMPE);
V - possibilite a matrícula de, no máximo, 20 (vinte) alunos por curso;
VI - tenha o seu funcionamento regulado pelos Comandos Militares de Área;
VII - tenha o processo de seleção e o relacionamento dos oficiais designados para a matrícula conduzidos pelos respectivos Comandos Militares de Área; e
VIII - tenha a orientação técnico-pedagógica do DECEx.


Art. 3º Determinar que esta Portaria entre em vigor na data de sua publicação

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Reserva ATIVA

Ex-militar cria serviço para contratar quem passou pelas Forças Armadas

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O tenente do Exército Cesar Galdino Filho, 26, afirma que contratar ex-militares tem vantagens: esses profissionais são mais disciplinados e pontuais, diz. Mas, por ficarem longe do mundo corporativo, sem construir uma rede de contatos, eles podem encarar dificuldades para conseguir um emprego.

Por isso, Galdino e Fábio Ferreira, 55, vice-diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) Oeste, criaram o site Reserva Ativa. Nele, empresas podem buscar currículos de ex-militares -os que serviram como temporários, por até oito anos, ou os de carreira, que atuam por até 30 anos.

"Muitas vezes, os militares de carreira, que saem com menos de 50 anos, acabam se aposentando porque não têm contato com empresas", afirma Galdino.
No ar desde outubro deste ano, o site conta com vagas de 36 companhias e cerca de 300 currículos cadastrados.

O tenente Caio Pirutti Fraisoli, 26, era um deles. Formado em direito e recém-egresso da carreira militar, ele diz que é difícil entrar no mercado de trabalho por causa da falta de contatos.

"Nós ingressamos aos 18 anos na carreira militar, e a maioria não tem uma profissão antes disso. Ficamos um pouco perdidos, porque o mundo corporativo é diferente do militar", explica. Ele conseguiu um emprego de gerente de risco patrimonial.

O serviço é gratuito para os militares que se cadastram no site, assim como o anúncio de vagas pelas empresas. Mas, caso as companhias desejem buscar currículos específicos, precisam optar por planos de mensalidade.
O investimento para colocar a página no ar foi de cerca de R$ 30 mil.

Folha de S.Paulo.