HISTÓRIA
DA POLÍCIA DO EXÉRCITO


O Pelotão de
Polícia então foi organizado em sua maioria com elementos oriundos daquela
conceituada corporação policial e desde o começo se destacou do resto da FEB:
uniforme bem cortado, aparência marcial e um perfeito treino para o exercício da
missão a que estava destinado. Foi sem dúvida a unidade de FEB que já embarcou
do Brasil com treino especializado e em pouco tempo distingui-se da demais,
sabendo adquirir a confiança dos chefes. Esse preparo foi muito importante para
a FEB; o Pelotão de Polícia iria exercer tarefa vital, dirigir o fluxo de
tráfego em zona de combate, quer dentro da neblina artificial que durante o dia
mascarava o movimento da tropa, quer durante a noite, no mais rigoroso regime de
blackout. Muitos problemas de interrupção de tráfego, muitos acidentes
foram evitados, muitas vidas foram poupadas pelo eficiente comportamento desse
Pelotão.
Quem foi motorista na FEB não esquece a figura dos
MP (Military Police, nome inicialmente dado ao Policial do
Exército durante os combates na Itália) postados em uma encruzilhada ou na
cabeceira de alguma ponte, dando as informações precisas, mandando aguardar ou
avançar. Os membros do Pelotão frente de combate ou na retaguarda, com a missão
de orientar o tráfego de veículos em comboios, carros de combate e deslocamento
de tropas a pé. Essas missões obrigavam a permanecer em seus postos, e muitas
vezes sob forte bombardeio inimigo.
O Pelotão de
Polícia teve algumas baixas, uma delas extremamente dolorosa: um soldado da MP,
em serviço na Ponte Veturinna, no dia 10 de fevereiro de 1945, deu voz de prisão
a um elemento da tropa aliada, em estado de embriaguez, que não queria obedecer
sua instrução. Foi abatido a tiros por esse militar embriagado, que, preso logo
em seguida, foi entregue à sua unidade de origem. Esse militar respondeu à Corte
Marcial e foi fuzilado. O fato causou constrangimento , mas também surpresa,
pela rapidez com que o comando aliado julgou e condenou o responsável à pena
máxima, sem apelação ou qualquer mercê.
Os membros do
Pelotão tinham características que os distinguiam do resto da tropa da FEB. Na
gola do uniforme, ostentavam um distintivo “duas garruchas cruzadas” em metal
amarelo (até hoje é um dos símbolos da Polícia do Exército), uma braçadeira
azul-marinho com as letras MP (Military Police), depois substituídas pelas
inscrição PE (Polícia do Exército) se referindo ao Braçal PE. No capacete, havia
uma bandeira brasileira no centro, tendo dos lados as letras M à direita e P à
esquerda, envolvendo o capacete, duas faixas amarelas e atrás o distintivo do V
Exército.
O Pelotão,
inicialmente comandado pelo 1º Tenente Walmir de Lima e Silva e posteriormente
pelo 1º Tenente José Maciel Miler, embarcou em escalões. O primeiro acompanhou a
tropa do 6º RI e integrou a Destacamento da FEB, ficando diretamente sob o
comando do General Zenóbio da Costa que, a partir desse momento, passou a dar
especial atenção a essa tropa, procurando aprimorar sua capacidade profissional
e sua apresentação.
Em março de
1945, por necessidade do serviço, o Pelotão foi transformado em Companhia de
Polícia e nessa qualidade continuou a prestar seus estimáveis serviços à FEB,
até o retorno, também feito em escalões. Os serviços, aliás, não cessaram com o
fim das hostilidades; a Companhia continuou a operar como antes, responsável
pelo tráfego, pelas atividades policiais propriamente ditas, guarda de
prisioneiros e outras.
Essa unidade
não se dissolveu com a extinção da FEB. A guerra tinha mostrado que o Exército,
mesmo em tempo de paz, necessitava de unidade especializada desse tipo. Em
novembro de 1948 passou a ter autonomia administrativa e, posteriormente,
constituiu-se em batalhão, mudando a designação para Polícia do Exército (P.E.),
para não confundir com a Polícia Militar, dos Estados.
Os serviços
que prestavam expandiam-se, ampliando seu quadro para Batalhão de Polícia do
Exército. Hoje já conta com vários Batalhões e o primeiro deles tomou o nome de
Marechal Zenóbio da Costa, como homenagem a esse ilustre chefe militar que na
guerra, percebendo a valiosa utilidade dessa unidade, tanto fez para melhorar e
aumentar seus efetivos.
FONTE: (texto)Joaquim Xavier da Silveira de título A FEB POR UM SOLDADO, Xavier serviu no 1º Regimento de Infantaria durante a campanha no front italiano.
Fotos/Fonte: Reencenação Histórica “Dogs of War”