Livro traz versão de militares sobre ação armada da esquerda
RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO
"Orvil" parece nome de remédio, mas é apenas "livro" escrito ao contrário, o
nome exótico pelo qual o projeto era conhecido no Exército Brasileiro para
ajudar a mantê-lo secreto enquanto uma comissão o escrevia.
O livro ficou pronto em 1985, mas o então ministro do Exército, Leônidas
Pires Gonçalves, e o presidente José Sarney optaram por não publicar a obra para
não criar constrangimento político.
Disponível na internet há anos, agora surge a primeira edição de papel do
"orvil/livro" que conta uma versão de militares do Exército sobre as "tentativas
de tomada do poder" pela esquerda no Brasil.
A atual edição, da editora Schoba (R$ 72,90, já disponível nos sites das
livrarias), promete ser ainda mais polêmica, embora a publicação não tenha apoio
oficial das Forças Armadas.
O texto básico é o mesmo, mas há trechos novos de introdução e conclusão que
remetem ao momento presente, quando existe uma Comissão da Verdade com a missão
de apurar crimes cometidos por agentes estatais no regime militar.
São mais de 900 páginas detalhando miríades de ações da esquerda armada que o
livro rotula de "terroristas".
Três das tentativas de tomada do poder foram "armadas", diz o livro, escrito
por uma equipe do antigo Centro de Informações do Exército e assinado por dois
dos organizadores, o tenente-coronel Licio Maciel e o tenente José Conegundes do
Nascimento.
As três foram a Intentona Comunista de 1935, a crise que terminou no golpe de
1964 e o início da "luta armada" a partir de 1968.
A quarta continuaria em curso hoje: em vez de violência, diz o livro, as
esquerdas empregam a infiltração na imprensa, nas universidades, nas
instituições culturais em geral para impor suas teses, seguindo os ditames do
comunista italiano Antonio Gramsci (1891-1937).
PETULÂNCIA
"Os revanchistas da esquerda que estão no poder -não satisfeitos com as
graves restrições de recursos impostas às Forças Armadas e com o tratamento
discriminatório dado aos militares, sob todos os aspectos, especialmente o
financeiro- tiveram a petulância de criar, com o conluio de um inexpressivo
Congresso, o que ousaram chamar de 'comissão da verdade'", diz o general Geraldo
Luiz Nery da Silva no prefácio ao livro.
Coordenador de projetos de história oral do Exército, o general de brigada é
membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil.
A publicação é pródiga em detalhes sobre os atentados e as tentativas de
criação de "focos" de guerrilha, urbana e rural. Muitas fontes são livros e
entrevistas de pessoas da esquerda. "Insuspeitos", ironizam.
Um fato que
chamou a atenção dos autores é a fragmentação dos grupos de esquerda. Em vez de
se unirem contra o inimigo comum, se esfacelaram numa lista interminável de
organizações -e o "Orvil" cita detalhes de todas. E isso foi uma das razões do
fracasso da "luta armada".
LISTA
O livro dá os nomes de todos os "terroristas" envolvidos em cada atentado, ou
no planejamento deles, ou no apoio à sua logística.
A presidente Dilma Rousseff é citada três vezes no texto, numa delas dizendo
que tinha sido presa.
O livro não diz em nenhum momento que as forças policiais e militares
cometeram torturas (a morte de Vladimir Herzog é considerada suicídio) e diz que
eleição de um general à Presidência pelo Congresso era sinal da existência do
"Estado de Direito".
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Reprodução |
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Corpos de guerrilheiros são embalados em lonas
por militares, em 1972, na região próxima às margens do rio Araguaia, no estado
Pará.
Fonte: Folha online
VISITE: http://www.averdadesufocada.com/index.php?option=com_content&task=view&id=737&Itemid=78
E faça o dowload do ORVIL.
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